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Ayahuasca é capaz de curar depressão, diz pesquisadora

Este é um artigo de divulgação científica escrito pelo CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO PARÁ (CRF-PA) e originalmente publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria.


Doutora em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP (2008) e Pós-doutora pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Medicina Translacional e pelo Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP (2010) . Atualmente é docente do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental (Nota CAPES 7) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP.
Doutora em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP (2008) e Pós-doutora pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Medicina Translacional e pelo Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP (2010) . Atualmente é docente do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental (Nota CAPES 7) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP.

Um estudo inédito realizado com seis voluntários com diagnóstico de depressão recorrente obteve resultados positivos na diminuição dos sintomas com a utilização da planta medicinal ayahuasca. A pesquisa é a única realizada com humanos em laboratório e foi conduzida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto(SP), com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da Universitat Autònoma de Barcelona, na Espanha.


Seis pacientes com histórico de depressão recorrente receberam uma dose única de ayahuasca (2,2 ml/kg de peso). Os resultados apontaram que 24 horas após a ingestão do chá, os voluntários relataram diminuição dos sintomas depressivos em cerca de 62%, em média. Os resultados foram publicados recentemente na Revista Brasileira de Psiquiatria.


Sete dias após o uso, a diminuição dos sintomas foi superior a 72%. Além disso, a ayahuasca foi bem tolerada pelos voluntários. “Apenas vômitos foram relatados como efeitos colaterais e adversos por 50% dos voluntários”, explicou a médica Flávia Osório, docente da Divisão de Psiquiatria e Pesquisadora do Laboratório de Psicofarmacologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Segundo Flávia, os vômitos ocorreram ao longo da sessão experimental e foram considerados como parte dos efeitos colaterais da ayahuasca.

“Esses resultados são muito estimulantes e apontam para um efeito antidepressivo da ayahuasca bastante expressivo. Este achado é interessante, pois entre as limitações atuais, associadas aos tratamentos farmacológicos atualmente disponíveis para depressão, está o tempo de ação para atingirem seus efeitos terapêuticos completos, que é de no mínimo 10 dias”, explica.

O chá é preparado com a casca e tronco do vegetal Banisteriopsis, popularmente conhecido como Jagube, e escaldado com folhas de outro vegetal, a Psychotria sp, conhecida como chacrona. As espécies comumente utilizadas são a Banisteriopsis caapi e a Psychotria viridis.

Os princípios ativos mais importantes produzidos pela bebida psicoativa são as betacarbolinas e a dimetiltriptamina (DMT). As substâncias atuam no nível de serotonina no cérebro. A serotonina é um neurotransmissor capaz de dar ao cérebro sensação de bem-estar, regulando o humor e dando sensação de saciedade. Atualmente, os pesquisadores estão ampliando a amostra deste estudo piloto de forma a confirmar os achados iniciais e novas pesquisas são realizadas envolvendo exames de neuroimagem. Neste novo estudo, o objetivo é observar quais os efeitos do chá no funcionamento cerebral. Segundo Flávia, os resultados serão divulgados em revistas científicas em breve. Entretanto, a pesquisadora considerou precoce adiantar qualquer informação sobre o novo estudo.



Ansiedade e dependência química A ayahuasca é uma bebida consagrada há séculos, principalmente na região da América Latina. Os Incas, os Maias, os Aztecas e diversas etnias indígenas no território brasileiro utilizavam a bebida em seus rituais e a consideravam sagrada. No Brasil a bebida é legalizada para fins religiosos e consagrada em diversos rituais, o mais conhecido é o do Santo Daime.

Os efeitos da ayahuasca ainda são investigados ao menos para mais dois tipos de tratamento: ansiedade e dependência química. Entretanto, nenhum deles ainda foi testado com humanos em laboratório. “Os outros estudos com a ayahuasca são feitos com membros da religião Santo Daime, que usam o chá neste contexto religioso e que relatam, por exemplo, melhora de quadros de dependência química, mas, por trás, tem todo o contexto religioso”, pondera Flávia. No caso da ansiedade, os estudos começaram depois que os pacientes depressivos tratados com o chá que apresentavam sintomas ansiosos relataram diminuição significativa também da ansiedade, mas ainda não há detalhes sobre eles. Já os efeitos da ayahuasca no tratamento de dependentes químicos têm sido bem promissores. “Os resultados apresentados no tratamento de um grupo significativo de pessoas vêm mostrando que a ayahuasca pode ajudar no combate à dependência de maneira bem eficaz”, disse o professor-doutor Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.

Entretanto, os resultados ainda estão sendo pesquisados e os especialistas são unânimes sobre o fato de que a bebida não deve ser consumida em casa. Eles também ressaltam que a ayahuasca não será prescrita por nenhum psiquiatra, pois ela ainda não se caracteriza como uma medicação ou forma de tratamento.

No Brasil, o Conselho Nacional Antidrogas retirou a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas conforme portaria publicada no Diário Oficial da União em 10 de novembro de 2004, permitindo o uso nos rituais religiosos.

Questionados sobre quanto tempo ainda seria necessário para a conclusão dos estudos e a eventual comercialização de medicamentos à base da ayahuasca, os especialistas afirmam que é importante que a população entenda que um dos objetivos principais das pesquisas é conferir segurança ao uso dessa substância.


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